quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

GENTE É POVO

Isac de Melo


Desde os primórdios da vida
A raça humana padece
Ao mesmo tempo em que cresce
Falta-lhe paz e comida
Cada pessoa nascida
Já deve, sem ter comprado,
Cresce pra ser convocado
Para se envolver em briga...
Gente é povo não formiga
Pra ser não visto e pisado

Duas guerras abalaram
Nosso povo, nossa gente
Países e continentes
Mutuamente se mataram
Bravos soldados tombaram
Até ter como legado
O Japão bombardeado
Por ser o pivô da intriga
Gente é povo, não formiga
Pra ser não visto e pisado

Hiroshima e Nagasaki
Não aferiram feridas
Quantos milhares de vidas
Ceifadas nesse combate
Não é comer ‘chocolate’
Ver seu amigo tombado
O seu país derrotado
Nas mãos de tropa inimiga
Gente é povo, não formiga
Pra ser não visto e pisado

Refugiados da Síria
Do Haiti do Paquistão
Do Egito do Sudão
Da Grécia e da Assíria
Uma operação Valquíria
De um Islã chamado estado
Buscando seu califado
Destruindo história antiga
Gente é povo, não formiga
Pra ser não visto e pisado

Nas baixadas nas favelas
No rol das periferias
Mães perdendo suas crias
Seus moços suas donzelas
Um tipo de caravelas
Onde o povo acorrentado
Morre asfixiado
Com febre ou dor de barriga
Gente é povo, não formiga
Pra ser não visto e pisado

Corredores de hospitais
Pessoas agonizando
Familiares chorando
Abandono de incapaz
Quem prover pão não tem paz
O planeta está lotado
Todos migrando prum lado
Prazer virando fadiga
Gente é povo, não formiga
Pra ser não visto e pisado

Por falta de defensores
Muitas almas nas cadeias
Pavilhões e celas cheias
Formando maus professores
Criminosos opressores
Tudo culpa do estado!
Dava pra ser evitado
Mas empurram com a barriga...
Gente é povo não formiga
Pra ser não visto e pisado

Chacinas desenfreadas
Com desenvolta perícia
Por comando de milícia
Vez em quando deflagradas
Ensanguentando as calçadas
Deixando o famigerado
Poder público algemado
Gestores fazendo figa...
Gente é povo, não formiga
Pra ser não visto e pisado

Esperança renovada
Enquanto houver suspiro
“Arma nenhuma dá tiro
Se não for manuseada”
Onde explode uma granada
Deixa um corpo mutilado
Talvez o próprio soldado
Tente andar e não consiga
Gente é povo, não formiga
Pra ser não visto e pisado

Será que existe esperança
Ou caminhamos pro fim
Essa resposta está sim
No rosto de uma criança
Sua aura limpa e mansa
Nos traduz esse recado
‘Eu sou você no passado’
Vê se me enxerga e se liga!
Gente é povo, não formiga
Pra ser não visto e pisado

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