sábado, 16 de janeiro de 2016

o assassino era o escriba

Paulo Leminski (1944-1989) 


Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente. 
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regula como um paradigma da 1a conjugação. 
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de nos torturar com um aposto. 
Casou com uma regência. 
Foi infeliz. 
Era possessivo como um pronome. 
E ela era bitransitiva. 
Tentou ir para os EUA. 
Não deu. 
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.  
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, conetivos e agentes da passiva, o tempo todo.  
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça. 
LEMINSKI, Paulo. Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p.158

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