domingo, 4 de maio de 2014

BESOURO

J.G. de Araújo Jorge (1914-1987)


Bato as asas, quero fugir como um besouro
estonteado de luz,
à procura do céu incendiado de ouro
que o seduz!

Esvoaço, tonteio, em vão... Em vão minha alma esvoaça!
Ouço um zumbido surdo, atordoante, crescendo,
das minhas asas sôfregas batendo
numa invisível vidraça!

Lá fora é tudo tão verde! Lá fora a terra é tão bela!
Tudo chama e convida
para a vida,
– e nem uma alma bondoso e distraída
vem abrir a janela!

Poema do livro Cânticos – 1941

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